quinta-feira, julho 03, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações (parte 2)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1023, de 16 de Maio de 2008, pág.6)

Enquadrado nos princípios de actuação da Comissão para a Defesa do Património Cultural do Concelho de Rio Maior enquanto projecto fundador de uma renovada leitura, qualificada, das potencialidades do património local, o Estudo do Período Mineiro Riomaiorense vem promovendo o reconhecimento deste legado histórico pelos órgãos de decisão, apoiado num trabalho desenvolvido em estreita relação com as mais credenciadas instituições da área patrimonial.

A comunicação apresentada pelo arquitecto Nuno Rocha na Sessão Pública da I Jornada do Património Mineiro sintetiza os resultados de um projecto de investigação lançado em 2005 e que foi recentemente objecto de publicação em co-autoria com o Prof. José Brandão, nas revistas da Sociedade Espanhola para a Defesa do Património Geológico e Mineiro (De Re Metallica) e da Associação Portuguesa de Património Industrial (Arqueologia Industrial), esta última lançada durante a Jornada.

A apresentação teve como preâmbulo a saudação e agradecimento da presença dos riomaiorenses, entidades locais e antiga comunidade mineira, a manifestação do reconhecimento pelos apoios concedidos desde o início do processo, com particular relevo para os membros da Comissão para a Defesa do Património, Dr. João Afonso Calado da Maia, Sr. José da Silva Pulquério, Sr. Manuel Sequeira Nobre, Prof. António Feliciano Jr. e Dr. João Pulquério de Castro, assim como para a colaboração da Secção de Minas da Associação Portuguesa de Património Industrial com destaque pessoal para o Prof. José Manuel Brandão.

MINAS DO ESPADANAL. HISTÓRIA E PATRIMÓNIO
ARQ. NUNO ALEXANDRE ROCHA



















QUADRO Nº1 PATRIMÓNIO EM CONTEXTO: HISTÓRIA.

Descoberta. Primeiros anos de exploração.
A descoberta e o posterior desenvolvimento industrial das Minas do Espadanal são indissociáveis de dois períodos de crise internacional no século XX: as duas grandes guerras. Em 1915, como resposta ao aumento dos preços dos combustíveis gerado pelas dificuldades de importação de carvões no decurso da I Guerra Mundial, é constituída uma sociedade local por António Custódio dos Santos, Pedro Goucha, Silvino Ramos de Sequeira e João Ramos de Sequeira para abertura de poço de sondagem em afloramento de lignite na Quinta da Várzea.

Custódio dos Santos, homem de muitos ofícios (comerciante, director do Jornal O Riomaiorense, dirigente local do Partido Republicano Evolucionista, etc.), será a personagem fundamental do lançamento da extracção de carvões em Rio Maior. Prosseguindo, após existência efémera da sociedade, os trabalhos de sondagem nas imediações da vila, regista na Câmara Municipal, ainda em 1915, a Mina da Quinta da Várzea e em 1916, as Minas de Lignite de S. Paio e do Espadanal. Associa-se, no ano seguinte, à firma Leites, Sobrinhos & Cª, com o objectivo de dotar as pesquisas com a capacidade financeira e o acompanhamento técnico necessário, resultando deste processo, em 1919, a elaboração do primeiro Plano de Lavra da Mina do Espadanal, da autoria do Eng. Vasco Bramão (concessionário das minas de lignite de Alcanadas e Chão Preto, no concelho da Batalha), que havia assumido, entretanto, a direcção técnica da exploração.

Extracto de peça desenhada do primeiro Plano de Lavra da Mina de Lignite do Espadanal. Eng.º Vasco Bramão. 1919

Em 15 de Setembro de 1920, perante a necessidade de aumento de capitais para a infra-estruturação da extracção mineira, é constituída a Empresa Industrial, Carbonífera e Electrotécnica, Lda. (EICEL), que marcará de forma indelével o progresso económico e social da região durante meio século.

As duas décadas seguintes até 1942 serão, no entanto, caracterizadas por uma significativa instabilidade na lavra da Mina do Espadanal, decorrente da dificuldade de colocação das lignites no mercado de combustíveis, verificando-se uma contínua incerteza quanto à viabilidade do investimento realizado.

(continua)

COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº1024 de Sexta-feira, 23 de Maio de 2008.

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