sexta-feira, julho 04, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações (parte 3)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1024, de 23 de Maio de 2008, pág.8)

Os anos da guerra e a intervenção do Estado.
No início da década de 40, em plena 2ª Guerra Mundial, o Estado é confrontado com a necessidade de incrementar a produção nacional de combustíveis fósseis. Para corresponder às exigências da época, a EICEL e os Serviços Geológicos promovem estudos da bacia de lignites de Rio Maior, elaborados pelos geólogos João Monteiro da Conceição e Georges Zbyszewski, através dos quais se comprova a viabilidade industrial da Mina do Espadanal.

Na sequência dos trabalhos realizados o Governo atribui às minas de Rio Maior um papel de relevância no panorama nacional de produção de combustíveis através da publicação, em 1942, do decreto-lei nº32270, de 19 de Setembro, no qual são definidas as medidas a adoptar para a exploração em larga escala.

É, neste contexto, empreendida uma renovação de equipamentos e infra-estruturas que permitirá, no ano de 1945, a concentração da extracção num único ponto com a inauguração do Plano Inclinado de acesso às galerias “Eng. Cílio Rosa”, a melhoria da qualidade da lignite com a instalação de uma unidade experimental de secagem, segundo invento do engenheiro romeno Gregori Filitti, e a resolução do problema do transporte do minério, com a inauguração da via-férrea de Rio Maior ao Vale de Santarém (Linha do Norte).


























Plano Inclinado de Acesso às galerias da Mina do Espadanal. Fotografia de Félix Bragança. Diário Ilustrado 28.06.1958

Viabilização da lavra no Pós-guerra.
Terminado o conflito e restabelecido o normal fornecimento de carvões importados, o Governo depara-se com uma interrogação decisiva quanto ao futuro a dar ao avultado investimento económico e social realizado nas Minas do Espadanal.

Os anos de 1945 a 1951 decorrem com sucessivas exposições da EICEL à Direcção Geral de Minas e ao Ministério da Economia procurando reforçar os pareceres técnicos que desde a década de 20 apontavam a instalação de uma Central Termoeléctrica à boca da mina enquanto solução viabilizadora da actividade extractiva. Como resultado será emitido despacho favorável pelo Ministério em 1950 que ficará, no entanto, sem efeito devido ao privilégio dado pelo Governo à produção hidroeléctrica.

A empresa pondera ainda como alternativas a instalação de uma fábrica de adubos azotados, estudando uma ligação aos “Adubos de Portugal” que sairá gorada por dissolução desta sociedade, e a instalação de uma fábrica de briquetes que substituísse a unidade piloto de secagem “Filitti”.

A Fábrica de Briquetes.
Em Janeiro de 1951 é tomada a opção definitiva pelo investimento na edificação de uma fábrica de briquetes.
Esta unidade fabril caracterizar-se-á, em traços gerais, por um verdadeiro sistema auto-suficiente de produção de energia para o complexo mineiro e processamento do minério extraído, para uma mais fácil colocação no mercado de combustíveis.

O produto final consistirá na exportação de lignite “tal qual”, após pulverização e secagem, e na produção de briquetes – aglomerados de lignite seca e prensada em volumes prismáticos com uma dimensão de aproximadamente 18x6x5cm, utilizados na alimentação de caldeiras industriais.



Briquete “Rio Maior” para consumo industrial produzido na Fábrica de Briquetes da Mina de Lignite do Espadanal.

Nos meses que mediaram até Novembro de 1951 decorre a elaboração do projecto pelos técnicos da EICEL e da empresa alemã Buckau R. Wolf, após visitas a importantes instalações na Itália e na Alemanha pelo Director-Técnico da empresa concessionária, Eng.º Luís de Abreu Falcão Mena.

(continua)

COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº1025 de Sexta-feira, 30 de Maio de 2008.

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