domingo, julho 06, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações (parte 5)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1026, de 6 de Junho de 2008, pág.8)



















QUADRO Nº2. PATRIMÓNIO EM CONTEXTO: INSERÇÕES URBANAS.

O complexo edificado da Fábrica de Briquetes, Receita Exterior e Plano Inclinado de acesso às galerias da Mina do Espadanal, não pode ser entendido como um fenómeno isolado, mas sim enquanto parte de um vasto conjunto patrimonial disseminado no território.

O período mineiro introduz novos ritmos de evolução numa paisagem urbana que se mantinha quase inalterada desde o século XIX.

A imagem que se apresenta em fundo – fotografia aérea da vila de Rio Maior no início dos anos 40 – permite-nos fixar o momento exactamente anterior aos primeiros grandes investimentos do Estado nas Minas do Espadanal. Nas décadas que se seguiram, a edificação de infra-estruturas industriais e habitacionais, bem como a adaptação de construções preexistentes para instalação de actividades sociais da comunidade mineira, deixou uma marca de profundo significado identitário no tecido urbano riomaiorense.

(Apresentou-se em seguida a planta da Vila de Rio Maior no ano de 1968, localizando as edificações urbanas directamente relacionadas com o período mineiro, promovidas pela empresa concessionária, pela autarquia, por instituições de apoio social e por privados).

Inaugurada em Abril de 1945, a linha-férrea Rio Maior – Vale de Santarém, com um imponente cais erguido nas imediações do plano de extracção da Mina, foi uma das estruturas com maior impacto territorial. (Dela resta apenas a memória e fragmentos refuncionalizados do traçado da via).

A Fábrica de Briquetes, erguida entre 1952 e 1955, estabelece-se como edificação emblemática do centro urbano riomaiorense, constituindo até aos nossos dias uma imagem de marca da cidade de Rio Maior.

Em simultâneo com a infra-estruturação industrial, um dos maiores desafios à capacidade de renovação de estruturas ao qual a comunidade local procurou dar resposta eficiente nas décadas de 40 e 50, decorreu do importante aumento populacional em resultado da admissão, num curto espaço temporal, de centenas de operários na exploração mineira – o problema da habitação.

Foram neste contexto inseridos na malha urbana da vila de Rio Maior diferentes conjuntos habitacionais destinados a suprir as dificuldades de alojamento sentidas não apenas pela comunidade mineira: o Bairro Dr. Alexandre Laureano Santos e o Bairro Mineiro do Abum, ambos de iniciativa privada, edificados nas imediações do plano de extracção; a Rua Nova do Gato Preto, promovida em 1950 pela Câmara Municipal em terrenos paralelos à via-férrea; o Bairro do Padre Américo, edificado entre 1952 e 1955 pela Conferência de S. Vicente de Paulo, para alojamento de famílias pobres, e o Bairro Mineiro de Santa Bárbara, edificado em 1959 por iniciativa privada, com apoio da E.I.C.E.L..

A fisionomia e a vivência urbana da vila de Rio Maior foram também marcadas pelo movimento cooperativo e associativo, desenvolvido entre os funcionários da empresa concessionária das Minas do Espadanal.

O Clube de Futebol “Os Mineiros” estabelecerá a sua primeira sede na Rua David Manuel da Fonseca, transferindo-a, em 1947, para edifício remodelado na Avenida Salazar. (O edifício do actual “Fonte-Velha Bar” na Rua Dr. Francisco Barbosa). A prática desportiva da colectividade realizava-se, nas décadas de 40 e 50, no Campo de Jogos da Casa do Povo de Rio Maior (demolido para edificação da Igreja Matriz), transferindo-se, na década de 60, para novo recinto à Pá Ribeira (área onde hoje se localiza o complexo desportivo municipal). Outros serviços desenvolveram a sua actividade em edifícios preexistentes: a Cantina do Pessoal da E.I.C.E.L., instalada na Rua 5 de Outubro, e o Centro de Assistência Infantil, estabelecido no edifício da Casa do Povo de Rio Maior (recentemente demolido).
























Bairro Mineiro de Santa Bárbara. Inaugurado em 1959.

(continua)

COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº1027, de Sexta-feira 13 de Junho de 2008

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