sexta-feira, agosto 01, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações. (parte 12)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1033 de 25 de Julho de 2008, pág.8)





















Dr. José Manuel Cordeiro, durante a comunicação: “Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, um património a preservar, um património a reutilizar”


PONTO Nº3 DA ORDEM DE TRABALHOS.

A terceira e última comunicação da sessão pública da I Jornada do Património Mineiro abordou, enquanto tema central, a recuperação de espaços industriais representativos de valor histórico e arquitectónico como oportunidade de qualificação do espaço e da vivência urbana contemporânea.

O tema teve apresentação por um dos mais credenciados autores nacionais na área dos estudos do património industrial – Dr. José Manuel Lopes Cordeiro.
Historiador doutorado pela Universidade do Minho com tese sobre “A Indústria Portuense no séc. XIX”, exerce as funções de Presidente da Associação Portuguesa do Património Industrial (APPI), representante em Portugal do Comité Internacional para a Conservação do Património Industrial (TICCIH) e Professor Auxiliar do Departamento de História da Universidade do Minho. É director da revista “Arqueologia Industrial” e autor de extensa e relevante bibliografia, com particular atenção ao património industrial portuense e do Vale do Ave.

Os conceitos apresentados abrem perspectivas sobre as potencialidades do património mineiro riomaiorense enquanto factor de desenvolvimento cultural e económico da comunidade local, estabelecendo em simultâneo um rigoroso enquadramento metodológico da intervenção a realizar na Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, assente num corpo de conhecimento internacionalmente consolidado.

FÁBRICA DE BRIQUETES DA MINA DO ESPADANAL, UM PATRIMÓNIO A PRESERVAR, UM PATRIMÓNIO A REUTILIZAR.
DR. JOSÉ MANUEL CORDEIRO

O futuro da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, um dos mais notáveis exemplares do património cultural riomaiorense, tem vindo a ser ultimamente bastante debatido, uma vez que existem projectos imobiliários para o local, os quais, a concretizarem-se, implicariam a demolição de todo aquele complexo industrial.

Perante a possibilidade de destruição daquela que foi em tempos não muito remotos uma das principais fontes de riqueza do concelho e que, também por esse motivo, se encontra profundamente enraizada na memória colectiva riomaiorense, tem-se destacado a Comissão para a Defesa do Património Cultural de Rio Maior, que através de múltiplas iniciativas tem procurado alertar a opinião pública e as autoridades locais para a importância daquele conjunto patrimonial e, consequentemente, a necessidade da sua preservação.

Poderá para alguns parecer estranho que se procure preservar um antigo edifício industrial e, ainda para mais, considerá-lo património cultural. No entanto, esta é uma realidade que tem vindo a afirmar-se de uma forma generalizada e que em Portugal encontra também vários exemplos. De facto, as profundas transformações que, um pouco por toda a parte, se têm vindo a registar nas últimas décadas, provocaram um progressivo alargamento do conceito de património cultural, englobando os aspectos materiais da sociedade, os quais até então não eram tidos em consideração. Assim, os vestígios materiais da industrialização que marcou os dois últimos séculos, cada vez mais ameaçados de desaparecimento pelas profundas transformações que a sociedade registou nos últimos decénios, passaram a ser encarados também numa perspectiva patrimonial, como testemunhos de um decisivo período histórico na evolução da Humanidade.

Pelo facto de se tratar de um património recente, associado a um sector que tradicionalmente não era considerado com a dignidade e a importância que justificassem a sua conservação, e também de muitas vezes se encontrar em zonas urbanas que irão ser alvo de processos de reconversão, o património industrial é actualmente, no nosso país, um dos sectores patrimoniais mais ameaçados de destruição. Essa situação decorre não apenas de projectos imobiliários que colocam em risco de destruição o património industrial que se localiza nas zonas urbanas, mas também de situações de puro abandono do que se situa em zonas rurais.


(continua)

COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº1034 de Sexta-feira, 01 de Agosto de 2008.

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